sábado, 9 de fevereiro de 2008

Manifesto – parte II – Um Breve Adendo

Por que escrever, por que manifesto?! Oras... para que picanha se há fraldinha? Poesia se há T.V.?! Stella Artois se há Brahma? Ménage a trois se há casal? (...)
Porque não há nada como adicionar um pouco de tempero (alguns chamam de magia) no tédio do cotidiano; um pouco de cor nessa mesmice em preto e branco que a vida insiste em pintar. Tudo parece menos idiota e vazio, e, se assim nos parece, então de fato tudo se torna menos vazio, pois toda nossa concepção de mundo é fruto da mente. Tudo que é somente o é porque assim sua mente concebeu; o resto, o “real”, é um grande nada...
E quando digo que tudo é um grande nada, essas não são palavras amarguradas vociferadas por alguém revoltado, um nerd sociopata, alguém que nunca foi capaz de sentir a excitação de estar e se sentir realmente vivo. Muito pelo contrário, nas limitações de minhas ridículas duas dezenas de anos de vida já experimentei tantas vezes a sensação de ser tomado por uma energia inexplicável, um choque de vida arrepiando o menor de meus pêlos, de me sentir parte do infinito cósmico que move o universo; parte do grande mistério que a existência esconde em suas entranhas até o fim dos tempos... já me senti imortal e - talvez numa sensação ainda melhor – já provei a delícia que é se sentir demasiadamente frágil e insignificante perante as complexidades essenciais e a imensidão de tudo que há. E, embora toda essa trama de elementos que me tornam peculiarmente eu mesmo, peculiar e dramaticamente tão feliz ou triste quanto qualquer um; sei que tudo que é, foi ou possa um dia vir a ser - tudo - é um grande nada...
Não o nada etílico-suicida de Byron, de Álvares de Azevedo; não falo com pesar nem tristeza. Tão feliz como o cristão com seu deus e sua vida após a morte ou como o budista com seu dharma e espiritualismo, sou eu e meu agnosticismo, meu tudo que é um grande nada... e se minhas palavras não convencem (e não deveriam, nem tentam...), basta olhar para o céu numa noite estrelada e cada um dos pontinhos brilhantes a milhares de anos-luz de distância dirá exatamente a mesma coisa.
Ou seja... quero um pouco de molho na carne seca!

Um comentário:

George Alencastro Paes Landim disse...

Por esse grande nada que as vezes se mostra de forma tão intensa é que existe o Grand Funk. Got This Thing On The Move é um soco na cutis, uma brasa no olho, um purple niple do caralho para quem sabe podermos nos contentar com o prazer da existência,se é que ele realmente existe. Assim uma cerveja é tão bem apreciada, um momento de loucura bem vivido torna-se inesquecível. Por que não viver na loucura, de loucura ou em sua perseguição? Talves sejamos fracos, ou talvez não seja o que queremos...
Mas nunca desistindo da busca do prazer infinito! Que o diga Baudelaire e Kerouac!

Abraxss
Selego